terça-feira, 27 de setembro de 2011

"É impossível ser feliz sozinho"

Estou estudando pra uma prova de Políticas Educacionais que tenho amanhã de manhã. Pra variar deixei pra última hora.
Lendo textos sobre estado, política encontro vários trechos que podem ser levados para a vida pessoal além de escolar e política.
O texto que estou lendo, chamado Tudo começou com Maquiavel escrito pelo Luciano Gruppi, trás o conceito marxista que diz que "o homem é um ser social e só torna-se homem na medida em que vive e trabalha em sociedade; de outra forma seria um animal, um bruto".

O homem só é homem na relação com outro homem, na vida em sociedade. E, além de precisar dos outros pra SER, o ser humano precisa dos outros para viver, viver bem e feliz.

Ao ler lembrei de Tom Jobim que canta há tempos que "é impossível ser feliz sozinho".
:)

sábado, 24 de setembro de 2011

Deixa.

E esse sofrimento que ninguém da jeito? Esse choro que não para? Esse vazio que...

ah, deixa quieto.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Arrepio

"Arrepio é uma função corporal humana em resposta ao frio. Quando a temperatura interna do corpo diminui, o reflexo de arrepio é disparado."
Fonte: Wikipédia

Últimamente tenho reparado que arrepio com mais frequência do que sempre. Nunca fui de muitos arrepios, mas últimamente tenho arrepiado com certa facilidade. Basta um ventinho, alguns minutos no sereno, ou nem isso.

"Quando a temperatura interna do corpo diminui, o reflexo do arrepio é disparado".
É. Então tô fria. Gelada. Cada dia mais. De pedra.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Desvario

     Por quê?
     Me explica pra quê tanta contradição? Alguém me explica??
     São tantas dúvidas, tantas questões.
     Céu? Inferno? Vida após a morte? Ressureição? Reencarnação? Espírito? Evolução da alma? Aurea? Anjos? Astrologia? Numerologia? Mistérios? Vida em outros planetas? "Destino traçado na maternidade"? "Sua vida é você quem faz"? "Você faz suas escolhas, suas escolhas fazem você"? Teoria das cordas? Teoria do Caos? Planos? Sonhos? Projetos? Amizade? Amor? Vida?
     Nada? Nada.
     Ser extremista? Ou o meio termo?? Optar pelo equilibrio? Ter um posicionamento? Tem gente que não gosta do morno. "Venha quente ou venha frio, mas morno não." É assim mesmo?

     O que é? Pra quê serve? Com quem andas? Como faz? Por quê?
     No que acreditar? Em quem acreditar Deus?!
     Deus??

     Tem gente com aquele papo de viver intensamente tanto os bons quanto os mals momentos da vida. Há quem diga que tristeza deve passar logo. Isso é sério?
     Viver a tristeza plenamente ou sair logo em busca pela alegria, a felicidade?

     Afinal o que é felicidade?

      Fazer o bem sem olhar a quem? Não esperar atitudes, afetos, atenção?

      Reciprocidade?? O problema é seu garota! E não de quem dá (ou não) o que você espera.


     Você era tão alegre, sorridente. Graciosa até. Gostava tanto de fazer as pessoas rirem e se esforçava pra isso. Você não precisava de muita coisa pra se alegrar. Parecia completa. Pouca coisa te bastava.
     Você fazia planos, sonhava, tinha programações para um final de semana. E quando não tinha, inventava. Se inventava e reinventava. Sabia quem era, o que queria ser e já tinha um caminho.
     E agora, o que sobrou?



     E você, que se achava tão cheia de amigos, de gente pra coversar, se vê passando horas calada. Não por falta de vontade, por falta de assunto, mas por falta de compania, de interlocutor.
     Falta interlocutor?
     50 contatos online, 437 'amigos', 456 seguidores, 165 contatos telefônicos e ninguém ao seu lado. Em quem você confia?
     Você que na maioria das vezes quer passar desapercebida, ser quem menos atrapalha, se vê querendo chamar a atenção.

     Você que não se via escrevendo, fazendo textos de desabafos, agora está aqui chorando em cima do computador enquanto tenta fazer palavras terem mais sentido que sua vida.
     Porquê, agora, nada faz sentido. Muito menos essas palavras.

domingo, 18 de setembro de 2011

"Sometimes I swear it feels like this worry is my only friend"

"Preto no branco.
Cresci acreditando que minha mãe tinha respostas pra tudo.
Queria que ela tivesse uma boa resposta que justificasse o que eu tô sentindo hoje.
Só queria que ela me falasse que tudo vai ficar bem.
Queria que ela pudesse me explicar o mundo.
Porque eu realmente não entendo nada.
Mas olhando pra ela hoje acho que ela precisa de ajuda tanto quanto eu.
Às vezes eu me pergunto se Deus está tentando me dizer alguma coisa, e se fosse o caso, o que está tentando me dizer.
O que vou fazer da minha vida? Quem sou agora?
Talvez se as pessoas não pudessem se aproximar de mim, não poderiam me magoar tanto.
Tenho sofrido tanto. Uma dor excruciante.
O que é pior: perder tudo que se tem ou nunca ter tido nada?
Acho que a maioria das pessoas pensa que é pior perder algo.
Contudo, acho que não ter nada é assustador, por que não importa o quanto se esforce
pra conquistar o que quer você sempre vai se sentir vulnerável ao que ainda não está preenchido.
Por um longo tempo nesses ultimos anos, parece que tenho estado disposta a ser qualquer pessoa, exceto eu mesma.
Eu perdi tudo que eu pensava fazer parte de mim.
Quem sou eu? O que eu realmente gosto? Não faço a menor idéia.
Não ter consciência de sua infelicidade não significa necessariamente que se é feliz.
Embora eu não faça a menor idéia do que me espera, e mesmo, saiba pouquíssimo a respeito de qualquer coisa, sei que essa situação me fortaleceu.
Essa com certeza será a maior das minhas reinvenções.
A vida é assim mesmo: cheia de estrelas e meteoros.
Às vezes a vida simplismente não é justa. Mas e daí? É preciso seguir.
E quando eu acredito que não tenho mais forças pra acreditar e ter fé, eu me reinvento.
As pessoas pensam que sabem o que querem, mas quando encontram isso, percebem que, na verdade, querem um pouco mais.
Tenho aprendido que se pode amar muito alguém e ainda assim fracassar.
Vencer ou perder está ligado a algo além de nosso controle.
Tenho meus receios.
As pessoas às vezes acreditam que tenho valores morais muito elevados, mas o que não percebem é que eu tenho um limiar mto baixo pra dor.
Simples assim. Eu vou me importar com cada detalhe. Eu não vou me esquecer. Vai ficar marcado que nem tatuagem na minha pele.
E eu vou me pegar pensando em tudo que aconteceu. E vai doer várias noites.
A gente sempre sente que vai se dar mal, só não sabe quando.
Às vezes penso que a gente mal se conhece. Às vezes penso isso mesmo quando as coisas estão calmas.
E me ressinto por isso.
Tenho esperado tudo desmoronar como quem espera pela chegada de uma encomenda.
Só peço que, nesse momento, eu tenha forças pra me reinventar.
"



[Mariana Cândido]




Texto perfeito pro momento. Sem mais.

sábado, 17 de setembro de 2011

"É só o que eu peço"

"Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço."
[Tati Bernardi]
Assim seja!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Carta

Acredito que não tem linguagem no mundo que consiga resumir um uma, duas, três ou quatro palavras tamanho sentimento que tenho por você. Ainda é preciso evoluir muito o nosso vocabulário pra conseguir traduzir isso em letras. Enquanto esse dia não chega uso essas palavras pra dizer que eu te amo muito, muito, muito mesmo. E que você é uma das pessoas mais brilhantes e especiais que encontrei nessa vida.

Espero que isso dure. Dure o tempo que tiver que durar. E que esse tempo seja o suficiente pra eternizar nossa existência, uma na vida da outra. Você já está gravada em mim. Pra sempre.

Não se perca, não deixe de brilhar, de iluminar, de reluzir nunca. Já disse e repito: você veio a esse mundo pra algo grande.

E pra terminar cito o querido Caio, que sempre será melhor que eu nessas coisas de traduzir sentimentos em palavras:
Na minha memória tão congestionada e no meu coração tão cheio de marcas e poços, você ocupa um dos lugares mais bonitos.

Eu te amo muito!
Te abraço.
Um beijo da sua amiga-irmã-fã-número-um.
Love
Love
Love



Lôlô.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Astrologia

Hoje, quarta-feira dia 14, começei um curso de astrologia.
Já faz tempo que tenho curiosidade, que faço pesquisas sobre astrologia, mas agora resolvi estudar isso pra valer. E, de início, ta sendo legal.
É muito instigante. Dá vontade de saber cada vez mais sobre isso. Coisa que, comigo, não acontece faz um bom tempo.

O curso que começei hoje chama "Astrologia  com auto conhecimento" e eu tô fazendo na Unipaz aqui de Goiânia mesmo. De cara já gostei. Professora estuda há bastante tempo astrologia, eu senti firmeza. Turma pequena, 9 matriculados e somente 4 alunas (todas mulheres, e acho que todas acima dos 50 anos) foram hoje.

Já deu pra sair de lá entendendo um pouco mais, e tendo mais convicção daquilo que eu já sabia. Agora é começar os estudos, a montar minha biblioteca pra ver se entendo mesmo e no final desse curso já dou conta de fazer algumas interpretações básicas de mapas astrais. :)

Até mais!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade."

Somos todos imortais. Teoricamente imortais, claro. Hipocritamente imortais. Porque nunca consideramos a morte como uma possibilidade cotidiana, feito perder a hora no trabalho ou cortar-se fazendo a barba, por exemplo. Na nossa cabeça, a morte não acontece como pode acontecer de eu discar um número telefônico e, ao invés de alguém atender, dar sinal de ocupado. A morte, fantasticamente, deveria ser precedida de certo ‘clima’, certa ‘preparação’. Certa ‘grandeza’. Deve ser por isso que fico (ficamos todos, acho) tão abalado quando, sem nenhuma preparação, ela acontece de repente. E então o espanto e o desamparo, a incompreensão também, invadem a suposta ordem inabalável do arrumado (e por isso mesmo ‘eterno’) cotidiano. A morte de alguém conhecido e/ou amado estupra essa precária arrumação, essa falsa eternidade. A morte e o amor. Porque o amor, como a morte, também existe – e da mesma forma, dissimulada. Por trás, inaparente. Mas tão poderoso que, da mesma forma que a morte – pois o amor também é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável) – nos desarma. O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade."

[Caio Fernando Abreu]


Encontrei esse texto do Caio no Tumblr hoje. Me lembrou muito minhas últimas vivências e reflexões sobre a morte.
Até mais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Tumblr

Demorei. Demorei muito pra me render ao Tumblr, mas esse dia chegou.
Antes eu não via porque ter mais uma conta na internet, pra mais um blog, sendo que já tenho esse. Mas acabei aderindo e, confesso, estou apaixonada pelo tumblr.
A maneira de blogar mais simples e rápida. Muito fácil compartilhar as coisas por lá.

Isso não quer dizer que eu vá abandonar o blogger, esse endereço, meu diário. Só que agora o restante das atividades na internet (e-mail, facebook e até o twitter) perderam um pouco da graça. O foco da vez está no Tumblr, e parece que vai ser assim por enquanto.

Sempre que der, que der vontade, voltarei a escrever aqui. Mas agora as citações, fotos e vídeos devem ficar por lá.

Até logo.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo"

Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.


[Caio Fernando Abreu]

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Palavras

Palavras. Lindas palavras. Palavras são lindas.
Mas, e ações? Cadê?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Algo que eu não quero perder jamais"

É incrível a capacidade que você tem de conseguir me arrancar uma lágrima ou uma risada num período tão curto de tempo. Eu começo a chorar de saudades e logo em seguida sorrio quando você diz que também sente minha falta… Tão sincero e tão profundo esse nosso momento que na hora se torna algo superficial visível aos olhares. Eu falo sobre a troca desses nossos olhares, olhares em silêncio, só ouvindo suspiros e intenções quietas cheias de boa vontade querendo repartir o amor que vêm de um para o outro. Algo que eu não quero perder jamais.

Não sei de quem é a autoria. Encontrei em um Tumblr que estava lendo agora. A primeira frase já me ganhou. Tem pessoas que são assim pra mim, tem uma capacidade incrível de me afetar, mudar meu humor.

Hoje foi um dia em que 'encontrei' uma dessas pessoas. Nos últimos dias foram poucos os momentos alegres, mas hoje tive um desses momentos. A Iasmin apareceu online no MSN hoje a tarde e veio conversar comigo. Já tinha taaaanto tempo que não conversávamos, que não tinha notícias dela. Conversar com a Miin, saber como ela está, atualizar os contatos, ver fotos. Tudo isso de surpresa assim me fez um bem danado. Voltei a sorrir de verdade, pelo menos por um tempo.

A Iasmin é uma das pessoas que faz isso. Agni, Renata, Raul, o Meu Pai e Minha Irmã são mais alguns dentre outros que lembro agora. Pessoas lindas, cada uma a sua maneira, que geralmente me alegram, as vezes me entristecem e estão sempre me emocionando de alguma maneira. Alguns deles nem sabem disso eu acho. E essas emoções, esses sentimentos, essas pessoas são "algo que eu não quero perder jamais"!

Nobody knows


"É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo ou quem aguenta ficar dentro de si?"

[Tati Bernadi]
Boa pergunta Tati. Boa pergunta.


Mais uma vez essa música.
Cause nobody knows. Nobody.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"O problema é que não temos as respostas pra todas as nossas perguntas, é que sempre queremos saber demais."

[Caio Fernando Abreu]


É. É muita pergunta pra pouca resposta. E nesse meio tempo eu vou pirando, perdendo o sono, o humor.
Será que é querer saber demais?

Espero conseguir dormir hoje.
Boa noite!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando setembro vier


"De tão azul, o céu parecerá pintado. E nós embarcaremos logo rumo à ilhas Cíclades.
Houvesse cortinas no quarto, elas tremulariam com a brisa entrando pelas janelas abertas, de manhã bem cedo. Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaléias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinha recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro da cidade lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim.
Na sala, encontrei a mesa posta para o café — leite e pão frescos, mamão, suco de laranja, o jornal ao lado. Comi bem devagarinho, lendo as notícias do dia. Tudo estava em paz, no Nordeste, no Oriente Médio, nas Américas Central, do Norte e do Sul. Na página policial, um debate sobre a espantosa diminuição da criminalidade. Comi, li, fumei tão devagarinho que mal percebi que estava atrasado para o trabalho. Achei prudente ligar, avisando que iria demorar um pouco.
A linha não estava ocupada. Quando o chefe atendeu, comecei a contar uma história meio longa demais, confusa demais. Só quando ele repetiu calma, calma, pela terceira vez, foi que parei de falar. Então ele disse que tinha acabado de sair de uma reunião com os patrões: tinham decidido que meu trabalho era tão bom, mas tão bom que, a partir daquele dia, eu nem precisava mais ir lá. Bastava passar todo fim de mês, para receber o salário que havia sido triplicado.
Desliguei um pouco tonto. Então, podia voltar a meu livro? Discreta e silenciosa como sempre, a empregada tinha tirado a mesa. No centro dela, agora, sobre uma toalha de renda branca, havia rosas cor de chá, aquelas que Oxum mais gosta. No escritório, abri as gavetas e apanhei a pilha de originais de três anos, manchados de café, de vinho, de tinta e umas gotas escuras que pareciam sangue. Reli rapidamente. E a chave que faltava, há tanto tempo, finalmente pintou. Coloquei papel na máquina, comecei a escrever iluminado, possuído a um só tempo por Kafka, Fitzgerald, Clarice e Fante. Não, Pedro não tinha ido embora, nem Dulce partido, nem Eliana enlouquecido. As terras de Calmaritá realmente existiam: para chegar lá, bastava tomar a estrada e seguir em frente.
Escrevi horas. Sem sentir, cheio de prazer. Quando pensava em parar, o telefone tocou. Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?), uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar, pediu, para irmos às ilhas gregas como tínhamos combinado naquela noite. Se podia voltar, insistiu, para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor e para sempre agora. Os passaportes estavam prontos, nos encontraríamos no aeroporto: São Paulo/Roma/Atenas, depois Poros, Tinos, Delos, Patmos, Cíclades. Leve seu livro, disse. Não esqueça suas partituras, falei. Olhei em volta, a empregada tinha colocado para tocar A sagração da primavera, minha mala estava feita. Peguei os originais, a gabardine, o chapéu e a mala. Então desci para a limusine que me esperava e embarquei rumo a.
PS — Andaram falando que minhas crônicas estavam tristes demais. Aí escrevi esta, pra variar um pouco. Pois como já dizia Cecília/Mia Farrow em A cor púrpura do Cairo: “Encontrei o amor. Ele não é real, mas que se há de fazer? Agente não pode ter tudo na vida...” Fred e Ginger dançam vertiginosamente. Começo a sorrir, quase imperceptível. Axé. E The End.
"

[Caio Fernando Abreu]

E que chegue setembro e seus bons ventos!

Bateu

Bateu a insônia. Bateram os pensamentos, os questionamentos, as hipóteses, as dúvidas.
E o que fazer hora dessa? Não gosto nem de pensar na idéia de incomodar outra pessoa, por mais amiga que seja. Mas hoje, juro que se tivesse crédito teria feito uma dessas ligações da madrugada. Dessas pra não ser atendida e se arrepender de ter ligado.
Porque ta complicado pensar desse tanto, e o raciocínio seguindo pro 'lado ruim' da história.

Como fazer pra dormir? E como parar de chorar? Cadê o sono que não vem??

É crise. Bateu.

Garota boba

Dois pequenos trechos do texto “Muito e porra nenhuma” da Tati.

Você sabe tanto que tem preguiça. Eu percebi que minha ansiedade é a típica da garota boba que leu nove livros, sabe de sete músicas, viu quatro filmes, conhece dois lugares e acha que ainda ama um homem. Quem sabe mesmo, nem começa a dizer. É tanto que dá preguiça.

Você faz com você o que faz com todos os livros. Para na metade.”

[Tati Bernadi]


E eu com aquela sensação de que tô fazendo tudo errado. Tudo. "garota boba que leu nove livros, sabe sete músicas..."


Boa noite!